quinta-feira, 10 de abril de 2014

Há 44 anos, Paul McCartney anunciava a separação dos Beatles


No dia 10 de abril de 1970, jornais ao redor do mundo levavam ao público uma notícia nada agradável para os Beatlemaníacos: Paul havia saído da banda.

A verdade é que esse rolo de “termina, não termina, termina, não termina” vinha se desenrolando há muito tempo, como sabemos. John e seus comentários ácidos, desinteresse por parte dos outros membros, a morte de Brian, a presença de Yoko durante as gravações, Paul mais voltado em cuidar de sua família, Allein Klein, etc. Os motivos são muitos e é bastante errado jogar a culpa em um só – e a grande maioria acabou pegando a Yoko para Cristo, nesse caso.

Depois do fim dos Beatles, o que se viu foi uma grande troca de farpas entre dois grandes amigos, o que é lamentável, embora a discussão tenha tido seus grandes momentos, afinal, mesmo sendo fã do Paul, acho “How Do You Sleep?” brilhante.

A verdade é que a diferença que os consagrou foi o que determinou o fim da parceria. O próprio Lennon declarou: “Paul dizia ‘Come and see the show’, eu dizia ‘I read the news today, oh boy’”, destacando as composições de certo modo opostas, que acabavam se completando.

Porém, quando a briga era mais explícita, o que se via eram entrevistas ríspidas. Paul era mais contido e sempre levou pelo lado mais “nostálgico” da coisa, sempre respondendo com carinho ao amigo. Uma prova disso é a entrevista a revista Rolling Stone em abril de 1970. Quando tudo que a publicação queria era uma declaração atravessada de um Paul McCartney extremamente abalado, foi isso que ela recebeu:

E a sua relação com John? Ele me disse que faz dois meses que vocês não se falam.

“Na verdade, eu não sei. Normalmente, eu ligaria para ele ou iria até Weybridge e faria uma visita, como já fiz muito no passado. Eu era esse tipo de pessoa. Mas agora eu nunca mais saio e não me dou mais ao trabalho de procurar. Eu prefiro estar na cama a ir para casas noturnas. Ele não me ligou e eu não liguei para ele, mas isso não quer dizer nada. Nós não brigamos. No momento, nenhum de nós está com vontade de falar com o outro, na verdade. Se nós nos esbarrarmos na Apple ou se estivermos fazendo um disco, eu vou falar com ele, mas, de outro modo, eu realmente não ligo para ele. Eu realmente não penso sobre o assunto. A gente vai se encontrar quando a gente se encontrar. E eu o amo do mesmo jeito”.

Por outro lado, John Lennon declarava ao mundo que estava “cansado de ser a marionete de Paul”, dentre outras coisas. Eles eram vistos como banda, mas há tempos não eram mais grupo, visto que Paul queria gravar mil coisas mas era muito perfeccionista, John estava mais interessado na Yoko, George tinha virado produtor e estudava a cultura indiana e Ringo atuava em filmes. O fim, então, chocou os fãs, mas quem era mais próximo podia prevê-lo.

De algum modo, o fim dos Beatles trouxe consigo um desafio a cada um dos membros, um desafio de superação. No fim das contas, foi ótimo que John tenha lançado seu Plastic Ono Band, George finalmente tenha achado espaço com seu All Things Must Pass, Ringo tenha provado ser bem mais que baterista com Sentimental Journey e que Paul tenha achado outro parceiro, ou melhor, parceira com seu McCartney. Além do mais, a história dos Beatles pode muito bem ser encarada como aqueles filmes em que, na última cena aparece aquele “The End?”, afinal, eles nunca acabarão se depender dos fãs.

Mas não há motivos para nostalgia, um “o que seria se eles ainda estivessem juntos hoje”. Todos os fins devem ser encarados com o seu lado bom. Afinal, como eles mesmos nos ensinaram, “in the end, the Love you take, is equal to the Love you make”.

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