sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Há 35 anos, um Beatle chegava ao Brasil pela primeira vez!


Pouca gente sabe, ou se lembra, mas George Harrison já esteve no Brasil. Em 31 janeiro de 1979 ele veio ao nosso país, não para se apresentar, infelizmente, mas para acompanhar o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, uma de suas paixões. Na ocasião, a revista Música conseguiu uma entrevista exclusiva com o Beatle, e ainda um autógrafo em nome da revista, que é um tesouro. Além de exibir o autógrafo, a matéria traz fotos dele no autódromo. George era muito amigo do piloto Emerson Fitipaldi, para quem fez uma versão de 'Here Comes The Sun', após o amigo ter sofrido um acidente.


"George Harrison é um Beatle, e por isso não encontra paz em lugar algum do mundo. Mesmo já tendo passado 10 anos da dissolução do 'quarteto de Liverpool', todos cobram dele posições com relação a uma possível nova formação do grupo, à política praticada pelo conjunto, ao relacionamento entre eles, etc. E, durante 10 anos, em todos os cantos deste planeta, onde vai passear, descansar, gravar, tem que responder às mesmas perguntas. Naturalmente no Brasil não seria diferente.
Vindo para ver a corrida de Fórmula 1, devidamente acompanhado por Jackie Stewart - um dos melhores pilotos da categoria - e Emerson Fittipaldi - de quem tornou-se amigo graças ao gosto pelo esporte - George foi alvo de ataques sistemáticos por parte da imprensa e de fãs, que não o deixaram à vontade.
Por Música ele começou a ser contatado em São Paulo e terminou no Rio de Janeiro, onde participou de entrevista coletiva".

Música - Por que você nunca se interessou em visitar a América do Sul antes, especialmente o Brasil?
George - Bem, nós estamos muito ligados à Europa e aos Estados Unidos, por contratos, shows, gravações, enfim, é um mundo que está muito mais ligado a nós, músicos. E, apesar de todo mundo pensar que temos muito tempo de folga, nós somos muito atados a compromissos. Mas devo reconhecer que é uma falha de nossa parte, temos muito a aprender por aqui.

Música - É difícil aguentar a barra de ser ex-Beatle? Todo mundo dá mais valor a seu trabalho naquele tempo, esquecendo o atual?
George - Realmente, depois de passado tanto tempo a gente chega até a duvidar de que os Beatles tenham tido tanta influência na juventude. Quando nos juntamos e fizemos os Beatles, nada disso passava pela nossa cabeça, sabíamos que tínhamos um tipo de música que poderia vir a fazer sucesso, mas nunca imaginávamos tudo isso. Inclusive, nunca fomos um grande conjunto, éramos um conjunto razoável, assim como os Stones. Tudo isto a gente tem que explicar em qualquer lugar onde esteja. Mas, na Europa e Estados Unidos, por estarmos mais frequentemente, eles já esqueceram um pouco este lado e passaram a observar nosso trabalho individualmente.

Música - Como você está hoje, depois de tanto tempo na luta?
George - Bem, já estou completando 36 anos (25 de fevereiro), mas não tenho intenção alguma de parar. É claro que a gente vai diminuindo o ritmo, mas parar não. Já faz parte do cotidiano, inclusive não estou mais atrás de dinheiro, mas de satisfação pessoal. O dinheiro deixou totalmente de ser importante, aprendi isso com a filosofia hindu. Eu o uso para viajar, comprar, divertir, nunca como um fim. Sei que há muitos músicos que mudaram sua linha apenas para se tornarem mais comerciais e ganhar mais dinheiro. Até os Beatles fizeram isso por algum tempo, mas quando você atinge alguns bens materiais necessários, pra que mais?


Música - Como anda o relacionamento entre você, Paul, Ringo e John?
George - A gente não se vê periodicamente por falta de tempo. Quando um está livre, o outro não, quando um está na Europa, outro está fora. Mas não existe qualquer tipo de rivalidade, as que existiam foram superadas há muito tempo, o resto é por conta da imprensa. John acalmou-se e está curtindo a família, talvez tenha-se cansado de ser muleta para a fraqueza alheia. Ringo é um bon-vivant, gravando quando quer e badalando muito, sempre foi o mais alegre de nós, o que dava mais importância à alegria e ao descompromisso, e Paul é o mais trabalhador, o que mais gosta de promoção em torno de seu nome. Claro que hoje é o que mais faz sucesso, o que mais vende disco, mais por uma necessidade pessoal que propriamente por dinheiro.

Música - Qual seu real interesse por filosofia hindu?
George - Ela me ajudou muito a me conhecer por dentro. Não dou mais valor a roupas, carros, viagens, garotas, badalações, tudo isso porque acredito que seja uma maneira de cobrir a solidão da qual todos têm medo. Quando você se encontra, descobre o enorme potencial que há dentro de você, todo o resto passa a ser futilidade. Mas isto também vem com o tempo. Quando era jovem, também queria ser badalado. Foi a India que me modificou completamente."

Vejam fotos da revista, na época em que foi publicada:




Via: Tarati Taraguá

Como Ed Sullivan conheceu os Beatles: 5 fatos sobre a apresentação.

Os Beatles se apresentaram no programa do Ed Sullivan no dia 9 de Fevereiro de 1964 e a performance completará 50 anos no mês que vem. Veja abaixo 5 coisas que você precisa saber para entender a Beatlemania e o significado daquela apresentação. 

1. Quem era Ed Sullivan?


Edward Vincent Sullivan não era uma celebridade com a qual estamos acostumados hoje em dia. Ele era um homem de postura firme, com olheiras, que às vezes confundia o significado das palavras e um ex-colunista que parecia o Richard Nixon. Uma parede provavelmente tinha mais carisma que ele. 

Mas ele era o apresentador perfeito. Fazia sua apresentação e saía do caminho. Seus convidados eram as estrelas - e ele podia convidar qualquer banda para o programa por causa de seus contatos. É possível comparar o programa dele com uma hora de navegação pela internet. O programa tinha participação de todos, desde empinadores de pratos até comediantes. De performances teatrais, até estrelas da época. Ah, e até animais eram convidados ao programa

"The Ed Sullivan Show" foi originalmente chamado de "Toast Of The Town". Foi transmitido pela primeira vez em 1948 e durou 23 anos. 

2. Os Beatles eram totalmente desconhecidos na América?


Na verdade, não. No Reino Unido, eles já haviam atingido o número 1 das paradas por alguns meses, começando por 'Please Please Me', em fevereiro de 1963. E a Beatlemania já estava em andamento (a palavra Beatlemania começou a ser usada em outubro de 1963, depois da apresentação da banda no programa mais famoso do Reino Unido, "Sunday Night At The London Palladium").

Sullivan encontrou a banda pela primeira vez por acidente - ele ficou preso no Aeroporto Heathrow, de Londres, com milhares de fãs quando a banda voltava da Suécia, no dia 31 de outubro - mas a banda já estava no radar do programa antes disso, como disse o membro da equipe de Sullivan, Vince Calandra. O programa havia soltado um comunicado de imprensa sobre três shows dos Beatles reservados em meados de dezembro e o jornal 'The New Yorker' publicou um pequeno artigo sobre isso no dia 28 de dezembro de 1963. Os Beatles também já tinham aparecido em vários jornais americanos. 

Também em dezembro, a Capitol Records começou a estratégia de Marketing - "Os Beatles estão vindo!"  - e em janeiro as canções da banda já estavam tocando nas rádios. "I Want To Hold Your Hand" atingiu o número 1 das paradas no dia 1º de fevereiro.

Mas os Beatles ainda não tinham se apresentado na América. Com o programa do Sullivan, eles tiveram um dos maiores palcos do país. 

3. Quem estava lá?  


A CBS recebeu 50 mil pedidos para os 728 assentos, no Estúdio 50 da CBS, naquela época chamado de 'The Ed Sullivan Theater' e hoje conhecido como 'The Late Show With David Letterman'. Entre as celebridades que participaram, estavam: Kate e Nancy Cronkite (filhas de Walter Cronkite), Randy Paar (filha do apresentador Jack Paar), e Julie e Tricia Nixon (filhas de Richard Nixon, convidadas por Randy Paar). Também estava lá o futuro Monkee, Davy Jones, que participava de 'Oliver!'. 

4. Espere aí. Não eram apenas os Beatles?


Não. A banda tocou em dois blocos do programa, abrindo o show com 'All My Loving', 'Till There Was You' e 'She Loves You', voltando com 'I Saw Her Standing There' e 'I Want To Hold Your Hand'. Entre os blocos, os atos incluíram o mágico Fred Kaps, o impressionista Frank Gorshin, os comediantes Charlie Brill e Mitzi McCal, a cantora Tessie O'shea, a estrela da Broadway Georgia Brown e o elenco de 'Oliver!', e acrobatas 'Wells & The Four Fays'. 

5. O que aconteceu depois do show?


Embora as pessoas que assistiram tenham amado e milhões de novas fãs nasceram naquele dia, alguns críticos ficaram menos entusiasmados. "A cínica virada na trama dos adolescentes foi reconhecida na noite passada na apresentação sistemática dos Beatles no 'Ed Sullivan Show'", escreveu o crítico de TV Jack Gould para o New York Times (a crítica não chegou a ser impressa). Os números, entretanto, foram espetaculares. 45.3% das televisões estavam ligadas na CBS. Isso representava cerca de 73 milhões de pessoas assistindo ao programa - um recorde para um show de entretenimento naquela época. 

De Nova York, os Beatles pegaram um trem para a capital dos Estados Unidos, onde eles tocaram no Washington Coliseum no dia 11 de fevereiro, depois eles retornaram a Nova York no dia 12 para dois show no Carnegie Hall. Então os Beatles foram para Florida para a segunda performance no Ed Sullivan Show - dessa vez, eles se apresentaram no Deauville Hotel, em Miami Beach, no dia 16 de fevereiro. Os números da segunda apresentação deles foram quase tão bons quanto à primeira. 

Em 22 de fevereiro, os Beatles retornaram ao Reino Unido, onde foram recebidos por 100 mil fãs no Aeroporto de Heathrow. A terceira performance no Ed Sullivan Show, gravada depois da apresentação do dia 9, foi ao ar no dia seguinte. 

Fonte: CNN

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

20 coisas que você precisa saber sobre o Rooftop Concert


Foi há 45 anos. Os Beatles precisavam de alguma coisa para terminar o filme deles e o tempo estava acabando.

Durante janeiro de 1969, Michael Lindsay-Hogg (que dirigiu os clipes 'Paperback Writer, 'Rain', 'Hey Jude' e 'Revolution') estava filmando a dissolução da maior banda do mundo, enquanto eles ensaiavam e gravavam as músicas que apareceriam no álbum 'Let It Be'. 

A decisão de transferir a produção dos confinados Twickenham Studios para o novo escritório da Apple, número 3 da Savile Row, no centro de Londres, foi muito sábia, imediatamente descongelando a atmosfera gelada que estava atrasando o projeto. Derek Taylor, assessor dos Beatles, disse: "Fiquei feliz quando eles voltaram à Apple e estavam dentro do edifício novo. Houve um período durante as duas ou três últimas semanas de Janeiro em que isso foi ótimo". 

Um concerto ao vivo foi sugerido como forma de terminar o documentário e, então, no dia 30 de janeiro, os Beatles subiram as escadas da Apple em direção ao telhado. Foi  última vez em que os Beatles fizeram uma apresentação ao vivo juntos.


1. O Prédio

Os Beatles compraram o prédio no verão de 1968, rapidamente instalando o estúdio no porão. Depois da gravação de Let It Be, o estúdio também foi usado nas gravações dos álbuns 'Son of Schmilsson' (1972), do Harry Nilsson; 'Painted Head' (1972), de Tim Hardin; 'Ringo' (1973), do Ringo; 'Living in the Material World' (1973), do George; 'Daltrey' (1973), do George Daltrey; e 'Ass' (1973), da banda Badfinger. O edifício pertenceu à Apple até 1976. Em 2013, a loja americana 'Abercrombie & Fitch' abriu um outlet no local. 

Foto tirada por mim, nos primeiros dias de 2014.

2. O Conceito


A ideia de encerrar Let It Be com uma performance ao vivo dos Beatles existiu por um tempo. Neil Aspinall: "Eles estavam falando sobre fazer o concerto em um barco ou num anfiteatro na Grécia... ou no Roundhouse, em Londres". Quatro dias antes do evento, dia 26 de janeiro, o telhado foi o escolhido. Podemos ver a banda discutindo o final do filme na última parte do Anthology. 

3. Mach Shau!


O concerto começou ao meio-dia de uma quinta-feira tipicamente britânica. Era um dia frio e a apresentação durou 42 minutos. Aproximadamente metade do show é mostrada no Let It Be. O diretor Michael Lindsay-Hogg e sua equipe priorizaram a chegada dos Beatles ao telhado (como o Paul pulando para cima e para baixo testando o novo palco) e duas máquinas de 8 canais que foram transferidas do porão para que gravassem as músicas. Algumas câmeras foram usadas, inclusive câmeras que filmavam a reação das pessoas que passavam pela rua. 

4. Nas posições, por favor


Tinham passado dois anos, cinco meses e um dia (ou 885 dias) desde a apresentação dos Beatles no Candlestick Park, em São Francisco. Para o rooftop concert, John e George mudaram suas fiéis posições dos antigos shows da banda. John ficou no meio e George ficou a sua esquerda. Billy Preston e seu órgão Hammond B3 estavam atrás de Paul e à direita de Ringo. Preston chegou em Londres como parte da banda de Ray Charles e foi 'arrastado' para participar do álbum Let It Be, como George Martin relembra, como um "conciliador" das sessões com os Beatles.

5. Happinnes is a Warm Coat


Era dia de usar roupas trocadas. O casaco vermelho de Ringo pertencia a sua esposa, Maureen, enquanto o casaco de pele usado por John era de Yoko. 

6. O círculo interno


Empregados da Apple e a equipe de filmagem cercaram a banda, assim como o roadie de longa data, Mal Evans, entretanto, duas pessoas importantes não estavam no telhado: George Martin escondeu-se no porão "muito preocupado se eu pararia na delegacia da Seville Row por atrapalhar a paz do local"; e Neil Aspinall, que perdeu o show por completo, "Eu não estava lá. Eu estava no hospital com minhas amídalas sendo retiradas".

7. Get Back


A banda começou com um ensaio de Get Back (a música havia sido gravada no dia 24). O tímido aplauso do grupo de pessoas no telhado fez Paul murmurar uma referência ao jogador de Cricket Ted Dexter, seguido por Lennon: "Nós recebemos um pedido de Martin Luther". A canção foi então tocada pela segunda vez. A performance que vemos no filme Let It Be é uma edição dos dois takes. 

8. I'm in Love For The First Time


Foram feitos dois takes de Don't Let Me Down. O primeiro pode ser visto na filmagem do show (Lennon visivelmente gostava de interpretar a letra), enquanto uma edição dos dois takes foi incluída no Let It Be... Naked, de 2003. Você pode ouvir a gravação da música da forma como foi escutada da rua, naquele dia, clicando aqui

9. Everybody Had a Hard Year


No final da canção seguinte - uma intensa versão de 'I've Got a Feeling' - John Lennon completou "Oh yes, so hard". Ou isso, ou os dedos dele tinham congelado. 

10. The Pipes, The Pipes


A One After 909, a qual versão de estúdio havia sido gravada no dia anterior na Savile Row, termina com John cantando algumas palavras de Danny Boy. McCartney junta-se a ele. Ringo, enquanto isso, acende um cigarro. 

11. Diga a palavra


Dig a Pony, de Lennon, começa com Ringo se livrando de seu cigarro ("Espera!"), enquanto Kevin Harrington ajoelha na frente de John segurando a letra da música. Ele termina a canção dizendo: "Obrigado, irmãos. Mãos muito geladas para tocar os acordes". Na versão original do álbum Let It Be está faltando o "All I Want Is..." da introdução. Valeu, Phil Spector! 

12. Her majesty


Enquanto o engenheiro de som Alan Parsons trocava as fitas, a banda e Billy Preston improvisaram alguns compassos de 'God Save The Queen'. Três anos depois, Parsons poderia ser encontrado no Abbey Road Studios, trabalhando no 'Dark Side Of The Moon', do Pink Floyd. 

13. Beatlemania!


A esse ponto, uma multidão de pessoas já estava na rua tentando entender o que estava acontecendo naquele que foi o almoço mais legal da vida de muitos fãs. Entretanto, nem todos estavam felizes ao ver a maior banda do mundo fazendo um show de graça. Stanley Daves, um comerciante de lã vizinho da Apple, disse: "Eu quero que esse maldito barulho chegue ao fim! Isso é absolutamente uma desgraça!". Outras reações de quem estava na rua foram capturadas pelas câmeras do Let It Be. A maioria delas era algo como "Fantástico! Fabuloso!" e "É ótimo ter algo de graça no país neste momento".

14. Pegos por causa da distorção


Com o tráfego começando a ser afetado nas ruas ao redor do prédio, o posto policial mais próximo (localizado na 27 Saville Row) foi acionado. Mal Evans havia instalado uma câmera escondida na recepção da Apple que posteriormente captou a reação dos policiais. Ken Wharfe, um jovem policial que estava em horário de turno naquele dia relembra a ocasião. Clique aqui para ver o vídeo.

15. Continuem tocando


A polícia chegou durante o terceiro take de 'Get Back'. Os amplificadores de John e George foram desligados antes mesmo do primeiro refrão. Paul improvisou algumas palavras no final da canção: "Vocês têm tocado no telhado de novo, e vocês sabem que sua mãe não gosta disso, oh ela fica brava, ela prenderá vocês!". Uma saudação da esposa de Ringo, Maureen, levou Paul a agradecê-la, "Thanks, Mo!". Esses outtakes podem ser ouvidos na versão de Get Back do Anthology 3.

16. Sound & Vision 


Mais tarde, naquele dia, Glyn Johns mixou as gravações em stereo, no Olympic Studios, em Barnes. 
Johns também participaria das gravações do Led Zepellin, The Who, Faces, The Band, Eric Clapton e dos Rolling Stones. 

17. "Isso teria sido fabuloso!"


O Rooftop Concert foi um curto e adorável lembrete dos Beatles em sua melhor forma ao vivo, mas nem todos ficaram satisfeitos com o resultado final. Como Ringo relembra no Anthology: "Eu sempre fico decepcionado com a polícia. Quando eles chegaram, eu estava tocando  e eu só conseguia pensar 'ótimo, tomara que me levem daqui!'. Nós estávamos sendo filmados e isso seria ótimo para o filme, chutando os pratos e tudo. Bem, eles não fizeram isso, claro, apenas chegaram e disseram: 'vocês terão que desligar isso'. Teria sido fabuloso".

18. Preparar, apontar, fogo! 


O mundo pôde ver as filmagens do Rooftop Concert pela primeira vez nos vídeos promocionais do single 'Get Back/ Don't Let Me Down'. Ele apareceu quatro vezes no programa britânico 'Top Of The Pops', entre 24 de abril e 22 de maio. Uma versão colorida foi transmitida no especial de Natal TOTP. Na América, as pessoas viram pela primeira vez a filmagem pelo clipe de 'Get Back', mostrado no 'The Glen Campbell Goodtime Hour' no dia 30 de abril de 1969. 

19. The Toppermost of the Poppermost


Os Beatles não foram a única banda a subir no telhado para fazer um show. Dois meses antes, em novembro de 1968, Jean Luc Godard filmou Jefferson Airplane em um telhado próximo ao centro de Manhattan e sempre vale a pena lembrar do show dos Rutles no telhado ("uma boa versão", de acordo com George Harrison).

20. E no fim...


Já que o restante da banda havia guardado os instrumentos, apenas restou John Lennon para se despedir do inovador palco: "Eu gostaria de agradecer em nome do grupo e eu espero que tenhamos passado no teste". 


Fonte: MOJO 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Paul McCartney e Ringo Starr serão entrevistados por David Letterman


Paul McCartney e Ringo Starr devem viajar para Nova York na próxima semana para serem entrevistados pelo ilustre David Letterman, para o especial 'The Night That Changed America: A Grammy Salute to The Beatles'. A entrevista ocorrerá no Ed Sullivan Theater, onde os Beatles se apresentaram pela primeira vez nos Estados Unidos, no programa do Ed Sullivan. 

As gravações para o especial ocorreram na segunda-feira (27), no L.A. Convention Center, em Los Angeles. 

Uma fonte chegou a dizer que Paul estava certo a não participar do tributo até os primeiros dias de janeiro, mas que foi convencido por amigos que explicaram a tamanha influência que o programa teve nos Estados Unidos. 

Para mais informações, fique ligado no The Beatles Report

Paul McCartney deve reeditar o álbum Off The Ground


Paul McCartney está prestes a lançar, no dia 18 de fevereiro, uma reedição especial "gravada ao vivo" de seu nono álbum, "Off the ground", publicado em 1993.
Paul queria que o disco fosse realizado ao vivo no estúdio, por isso a banda ensaiava as canções e, depois, o gravava em uma única tomada, em vez de registrar cada canal vocal e instrumental separadamente, informou em comunicado a gravadora Universal.


O processo deu uma "nova sensação crua e direta à obra", afirma o informativo da gravadora.
"Off the ground", publicado após o sucesso de "Flowers in the Dirt" (1989), mostrava o crescente interesse de Paul pelos temas sociais, como mostram os "hinos para um mundo melhor", como "Hope of deliverance" e "C'mon people" ou o "rock anticrueldade animal" de "Looking for changes".
Paul McCartney, vocais e baixo dos Beatles, compôs com Lennon a maior parte dos hits da banda britânica e alguns dos mais emblemáticos, como "Let it be", "Yesterday" e "Hey Jude", foram criados só por Paul.
Após a dissolução do grupo, o músico começou sua carreira sozinho, publicando em 1970 o álbum 'McCartney' e, em 1971, o álbum "Ram", com sua mulher Linda e com uma nova banda, Wings, integrada por  Denny Laine e Denny Seiwell.

Fonte: Bol

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Ringo Starr anuncia datas de nova turnê


Ringo Starr está pronto para pegar a estrada com sua All Starr Band, que continua com a mesma formação de 2013: Steve Lukather, Richard Page, Gregg Rolie, Todd Rundgren e Gregg Bissonette. 

A turnê inicia-se no dia 6 de junho no Rama Casino, em Ontário, Canadá e segue até o dia 19 de julho, no Greek Theater, em Los Angeles. "Eu amo tocar com essa banda", disse Ringo em um comunicado, "e eu mal esperar para voltar à turnê e tocar com eles de novo". 

Ringo completa 74 anos no dia 7 de julho e ele participará do evento "Peace and Love" neste dia em Los Angeles. Detalhes da celebração ainda não foram anunciados. 

O anúncio turnê vem dois dias depois de Ringo cantar "Photograph" e tocar bateria com Paul McCartney em sua nova canção "Queenie Eye", no Grammy. Os dois Beatles juntaram-se mais ontem uma vez, para um especial que será transmitido pel CBS no dia 9 de fevereiro para marcar o 50 º aniversário da participação da banda no Ed Sullivan Show. 

Starr participa de turnês diferentes formações da All Starr Band desde 1989. "Todo mundo da banda tem que ter sucessos dos anos 60, eu tenho, na década de 70, eu também tenho, e estamos entrando nos anos 80 agora. Eu não acho que nós não vamos entrar nos anos 90 ainda ... pode ser difícil. Mas nós temos essas duas horas de prazer e isso é ótimo. Isso é o que nos mantém fazendo isso. Gosto de estar lá fora, e é isso o que eu faço", Ringo contou à Rolling Stone em 2012. 

Confira todas as datas anunciadas: 

06/06: Ontário - Ontario Rama Casino
07/06: Canandaigua, NY - Sands Pavilion
08/06: Williamsport, PA - Community Arts Theater
10/06: Albany, NY - Palace Theater
11/06: Westbury, NY - Theater at Westbury 
12/06: Vienna, VA - Wolftrap
14/06: Wallingford, CT - Oakdale Theater
15/06: Providence, RI - Performing Arts Center
17/06: New York, NY - Beacon Theater
18/06: New York, NY - Beacon Theater
20/06: Red Bank, NJ - Count Basie Theater
21/06: Atlantic City, NJ - Caesars Circus Maximus 
22/06: Durham, NC - Durham PAC
24/06: Buffalo, NY - ArtPark
25/06: Verona NY - Turning Stone Casino
27/06: Detroit, MI - DTE Energy Center
28/06: Chicago, IL - Chicago Theater
29/06: Cleveland, OH - Jacobs Pavillion Nautica  
01/07: Toledo, OH - Toledo Zoo Ampitheater
03/07: Tunica MS - Horseshoe Casino 
05/07: Dallas, TX - Windstar World Casino 
09/07: Albuquerque, NM - Sandia Pavillion
11/07: San Diego, CA- Humphrey's
12/07: Santa Barbara, CA - Santa Barbara Bowl
13/07: San Jose CA -  City National Civic of San Jose
15/07: Vancouver BC - Hard Rock 
16/07: Woodenvile, WA – Chateau Ste Michelle
19/07: Los Angeles, CA- Greek Theatre 

Fonte: Rolling Stone

Confira detalhes da gravação do especial 'The Night That Changed America'


O clima de festividades dos 50 anos dos Beatles na América apenas começou. 

Domingo, o Grammy contou com a participação de Paul e Ringo apresentando-se juntos. Mas, o que está matando os Beatlemaníacos de curiosidade é o especial gravado na noite de ontem, em Los Angeles.

"The Night That Changed America: A Grammy Salute to The Beatles" será um programa com 2 horas de duração, que será transmitido dia 09/02, às 20h. Exatamente a mesma data e hora em que os Beatles se apresentaram pela primeira vez no Ed Sullivan Show, há 50 anos.

A gravação resultou no encontro de diversos artistas,  que não apenas estavam lá como pessoas influenciadas pelos Beatles, mas sim como verdadeiros fãs da banda. 


As apresentações foram as seguintes:

Imagine Dragons - 'Revolution';
Alicia Keys e John Legend -  'Let It Be';
Ed Sheerans - 'In My Life';
Dave Grohl e Jeff Lyne - 'Hey Buldog';
Annie Lennox e Dave Stewart - 'The Fool On The Hill';
Stevie Wonder - 'We Can Work it Out';
Maroon 5 - 'All My Loving' e 'Ticket To Ride';
Keith Urban e John Mayer - 'Don't Let Me Down';
Katy Perry - 'Yesterday';
Pharrel e Brad Paisley - 'Here Comes The Sun';
Joe Walsh, Jeff Lyne e Dhani Harrison - 'Something';
Gary Clark Jr., Joe Walsh e Fave Grohl - 'While My Guitar Gently Weeps';
Ringo Starr and His All Starr Band - 'Matchbox' e 'Yellow Submarine';
Paul McCartney - 'Magical Mystery Tour', 'Birthday', 'Get Back' e 'I Saw Her Standing There';
Ringo e Paul - 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band', 'With a Little Help From My Friends' e 'Hey Jude'.


Enquanto tocavam 'Hey Jude', trapezistas do espetáculo Love, do Cirque Du Soleil, apareceram numa bonita coreografia com guarda-chuvas vermelhos. 

Durante o intervalo das música, Ringo soltou: "Nós estávamos em uma banda chamada The Beatles e, onde quer que nós toquemos, John e George sempre estarão conosco", sendo complementado por Paul: "Hoje estamos lembrando nossos amigos John e George". 


Paul chegou a dizer durante o show que não era muito a favor de participar de um evento homenageando a ele mesmo, mas que foi persuadido por grandes amigos a participar. 

Dave Grohl, convicto fã da banda, disse: "A banda favorita da minha mãe, minha banda favorita e, agora, a banda favorita de minha filha. Eu posso afirmar com toda a certeza que eu não seria músico se não fossem os Beatles". 

O programa também apresentará depoimentos e entrevistas com Sean Penn, Johnny Depp, Anna Kendrick e Jeff Bridges, entre os intervalos das músicas. 

Veja a galeria de fotos abaixo e fique ligado no The Beatles Report para mais informações!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"Estou contando minha vida inteira aqui" - Leia a entrevista de Paul McCartney ao The Telegraph


Tudo pronto para o show no Tokyo Dome, a uma hora do início do concerto, com 50 mil fãs aguardando em seus lugares e a atmosfera pré-show ficando cada vez mais intensa. John Hammel, assistente pessoal de Paul há longa data e roadie, descreve cada objeto de trabalho de seu chefe: "Essa é a Epiphone - a guitarra usada no solo da música 'Taxman' - e esse é o baixo Hofner, de 1963". Ele levanta o baixo habilmente, afinal, são 40 anos de notável serviço durante shows e passagens de som. "Ele costumava ter o nome das músicas colado aqui, escritas atrás de um velho maço de cigarros da marca Senior Service - Paul fez a lista para o show no Candlestick Park", diz Hammel, referindo-se ao último show público dos Beatles, que aconteceu em um estádio de Baseball em São Francisco, no dia 29 de agosto de 1996. "Nós o tiramos porque estava ficando destruído". 

Hammel acrescenta que aqueles são os dois únicos instrumentos históricos dos Beatles. Mas ainda há muita história acumulada em dois cases de instrumentos alinhados no chão. Seus dedos escorregam para um violão acústico Epiphone, "o qual Paul tocou Yesterday no Ed Sullivan Show em 1964". Aquele programa mundialmente famoso, que bateu um recorde de 73 milhões de americanos assistindo à estreia dos Beatles nos Estados Unidos, o começo de uma febre que comemora seus 50 anos em fevereiro - isso pode ser chamado de histórico, certo? Não importa, Hammel está agora mexendo e uma Gibson flame-top da década de 60, "que é uma guitarra rara, considerando que ela é feita para canhotos. Linda comprou a guitarra para Paul anos atrás". 


Além dos 10 instrumentos entre baixos e guitarras, há um Ukulele de 1920, "que George deu ao Paul, acho que foi quando eles estavam fazendo o Anthology. E Johnny Depp deu aquele ali para ele", mostrando a guitarra Baratto Cigar-Box, que Paul usou para gravar 'Cut Me Some Slack', com os membros do Nirvana, música com a qual Paul ganhou um Grammy ontem. "E com esse mandolim, Paul escreveu uma música para sua filha Beatrice", a composição 'Dance Tonight', inspirada pela filha mais nova de Paul, que hoje tem 10 anos. "Ele a escreveu na cozinha e então fez um clipe, com a participação da Natalie Portman, usando o instrumento". 

Bem-vindo ao mundo de Paul McCartney. Todo passo é recheado de história. Cada episódio não pode deixar de ter uma citação. Todas as canções contam uma história e vice-versa.


É novembro de 2013 e estamos no Japão: a última parada da turnê 'Out There', que vem acontecendo desde maio. De fato, se você considerar que a 'Out There' seguiu o mesmo ritmo que a 'On The Run' (2011-12), que sucedeu à 'Up And Coming Tour' (2010-11), seguindo a 'Good Evening Europe' (2009), pode-se dizer que Paul está na estrada regularmente há 4 anos e meio. 

Paul tem 71 anos de idade. Ele esteve na estrada - indo e vindo - por 50 meses. "... Por toda minha vida!", Paul interrompe com um forte sotaque de Liverpool, praticamente pulando do sofá de seu camarim perfumado com flores.

Com um pequeno esforço, ele se lembra da visita que os Beatles fizeram a Tokyo. No final de junho de 1966, o avião da banda, vindo direto de Londres, pousou no aeroporto com uma certa polêmica nacional. Um certo número de japoneses conservadores era contra o show dos Beatles na Arena Nippon Budokan. Amados ou não, nenhum grupo deveria desacatar o lar espiritual do sumô. O clima estava tenso. Cerca de 35 mil policiais foram contatados para proteger os Beatles, que ficaram efetivamente presos no hotel durante a turnê de três shows no país.


Mesmo hoje em dia, McCartney ainda fica perplexo ao pensar no ocorrido. "Bem, nosso pensamento era que não houvesse nenhum esporte merecedor desse tipo de respeito. Certamente, não com um esporte que envolva luta!", e ele diz isso como um fã de sumô de boa fé - antes chegar em Tokyo, Paul foi visto assistindo a uma luta de sumô e virou capa de todos os jornais do país por causa disso. "Então, a gente não entendia muito isso. Teve um cara que disse que cometeria suicídio se o show acontecesse. Nós pensamos: 'isso está indo longe demais'. 

Não tão longe quanto as coisas foram na próxima parada dos Beatles: As Filipinas. Lá, um pequeno desprezo percebido pela primeira-dama, Imelda Marcos,  resultou em um quase tumulto no aeroporto de Manila. Um mês mais tarde, eles estavam fazendo shows pela America. E apenas duas semanas depois, eles fizeram seu último show, no Candlestick Park. 

"Sim", diz Paul concordando, "nós estávamos fartos daquilo. Achamos que era o suficiente". Mas isso foi há muito tempo, atualmente, parece que Paul nunca estará farto de se apresentar ao vivo. 

Participamos do backstage por um curto tempo até o show começar, o primeiro de três shows esgotados em Tokyo. 
Com um físico nos trinques e o cabelo ajeitado, Paul me cumprimentou com um 'Yo! Vamos lá!', seguido de um grito 'Dough eatah she mashy tay!', sua versão rigorosamente ensaiada de 'Sejam bem-vindos!', em japonês. McCartney usará essa e mais outras frases durantes seus seis shows no país, para a alegria dos japoneses.

Com um entusiamo incrível, Paul realiza suas performances tocando 36 músicas, em um total de aproximadamente 3 horas de show. 

"Sabe, eu não sei", diz ele novamente com seu eterno sotaque de Liverpool, "eu esperava duas coisas: ficar cansado e exausto, mas isso não acontece. Isso deve ter algo a ver com o ritmo do show atual. E, hoje em dia, com esta banda, a audiência é sempre muito receptiva. E algo a se fazer com essa fama é criar uma... avalanche. Como se eu fosse o cara que corre na frente a partir dessa avalanche de fama".


O desejo de tocar para as pessoas, diz Paul, é algo que existe dentro dele desde os tempos em que os Beatles tocavam em Hamburgo, quando eles viviam de comprimidos para aguentarem tocar durante todo o tempo.  

"É aquela coisa de treinar muito, não é? 10 mil horas", diz ele referindo-se à teoria de Malcom Gladwell, na qual os verdadeiros mestres de seu ofício devem passar diversas horas praticando. "Acho que há um pouco disso sim. É tudo o que eu fiz, sob um aspecto. É como eu sempre ter trabalhado nessa indústria e o fato de eu gostar disso. É como se eu estivesse em casa".

Numa lembrança mais longa, Paul lembra-se do seu grande sonho de infância: o desejo de pegar uma guitarra, ligá-la e deixá-la muito alta para os vizinhos ouvirem. E havia algo empolgante sobre isso. E este ainda é o caso. A única coisa é que não há mais vizinhos agora - a vizinhança está na plateia e eles pagaram para ouvir a guitarra! 


E como eles pagaram. Os seis shows no Japão arrecadaram $40.6 milhões com os ingressos vendidos, a cereja do bolo que já havia arrecadado $105.8 milhões nos shows que ocorreram durante o ano. Ano passado, a MPL, McCartney Productions Limited, arrecadou cerca de £27.4 milhões. Um bom complemento à fortuna de Paul e Nancy, estimada em £680 milhões, deixando o músico no topo da lista 'The Sunday Times Rich', dos músicos mais ricos do mundo, pelo 25º ano seguido. 

É estranho considerar, dado ao papel fundamental de Macca na história da música, mas Sir Paul nunca foi tão popular. Tal fato seria confirmado desde a America (onde Paul junta em média 40 mil pessoas por show), até Moscou (onde 300 mil pessoas assistiram ao show na Red Square). O mundo, claramente, não se cansa dele. E ele, até hoje, não se cansa do mundo. 


Eu passei 8 horas, durante dois dias, na companhia do Time Macca no Tokyo Dome. Conversei com a vegetariana equipe, com alguns fãs do Hot Sound (para os fãs que compram esse ingresso, Paul faz a passagem de som por cerca de uma hora), com o técnico do piano (Paul tem um interesse enorme em todas as partes do show). As pessoas que dão forma às incríveis turnês de Paul são empregados e colegas de longa data. Ele tem tocado com essa banda atual - Paul Wickens, Rusty Anderson, Brian Ray e Abe Laboriel - há quase 12 anos, o que os torna os companheiros mais longos de Paul. Até mais que os Beatles e os Wings. 

O engenheiro de som, Paul 'Pab' Boothroyd, trabalha para ele há 25 anos. O diretor da turnê, Barrie Marshal, está a bordo há 24 anos, assim como dois escoceses que cuidam da segurança de Paul. O engenheiro de produção, Mark Spring, responsável pelo transporte dos dois aviões gigantes que carregam todos os equipamentos, juntou-se à equipe depois de trabalhar na turnê 'Drowned World Tour', da Madonna, Scott Rodger é considerado com um novato, participando das produções há 7 anos.


Eu pergunto a cada um deles se tem algo sobre McCartney que surpreenderia as pessoas.

Boothroyd: "Ele poderia facilmente ir com você a um pub tomar uma cerveja".

Phil Romano (técnico do piano): "Eu nunca o vi perder uma passagem de som em 12 anos de trabalho".

Marshall: "Certa vez eu escrevi uma carta a ele e, em sua resposta, a gramática estava fenomenal - ele havia colocado uma vírgula aqui, um ponto ali. Então, sempre que eu escrevo cartas para ele, sou muito cuidadoso!"

Ray: "Ele nunca revirou os olhos ao tocar Hey Jude de novo".

Laboriel Jr.: "Ele é fã de Breaking Bad". 

Anderson: "Ele gosta de margarita. E tem que ser com suco de laranja fresco. Essa é a sua bebida. E ele vai mergulhar o queijo e o picles nela depois. É uma mistura muito estranha".

Rodger: "E garanto que ele estará de volta em casa para pegar sua filha na escola na sexta-feira. Onde quer que Paul esteja no mundo, terão aviões, trens e automóveis para pegar Beatrice na escola. Eu o vi sair do palco no Brasil, 100 mil pessoal, pegar um avião, voar diretamente pra Londres, helicóptero para Sussex, entrar no carro e ir buscá-la. Para mim, essa é a marca do homem. E a idade não o atinge. Ele nos faz sempre continuar trabalhando".

Seus filhos foram a maior preocupação durante sua visita ao Japão em 1980. Era janeiro quando os Wings se apresentariam no país, mas quando chegaram no aeroporto, policiais acharam maconha em sua bolsa e o prenderam. Paul ficou preso por 9 dias. 


Refletindo agora, ele admite que foi uma das experiências mais assustadoras de sua vida. "Foi estranho, sabe, porque no Ocidente não nos preocupávamos tanto com isso e não achávamos que maconha era algo tão grande e preocupante. Mas nós havíamos sido avisados, 'não faça isso, isso é realmente um problema no Japão'. Então quando fui preso, eu realmente me culpei. Eu pensei, 'você é um idiota'. O pior, pra mim, foi envolver Linda e as crianças nisso. Eu não me importaria muito se fosse só eu".

"Por sorte", ele completa, "eu não era apenas 'alguém', porque as pessoas escreveram sobre isso ao redor do mundo. Havia mensagens de Teddy Kennedy e John e Yoko, e pessoas que os japoneses respeitavam. Então eu acho que isso teve um bom peso em minha defesa".

Como relatado no recente livro de Tom Doyle sobre Paul na década de 70, Man On The Run, quando retornou a Londres, Paul escreveu um livro de memórias, 'Japanese Jailbird'. Então ele guardou e nunca publicou. Paul disse que escreveu isso para que, se James (na época com 2 anos) quisesse ler quando completasse 30 anos, ele poderia. 

James McCartney é músico e tem 36 anos agora. Ele leu o livro?

"Ah, sim!", McCartney ri. "Eu dei a todos os meus filhos uma cópia - não sei se eles leram. Eu gostaria de ter escrito aquilo enquanto estava lá, isso facilitaria as coisas, mas não foram permitidos materiais de escrita - talvez para evitar que você enfiasse o lápis no nariz ou algo assim. Então eu tinha tudo no meu cérebro, meu cérebro estava explodindo com todos aqueles detalhes". 


"Então, quando voltei, todas as manhã eu costumava escrever por algumas horas. Isso era bom porque todos os detalhes estavam frescos. Eu dei uma cópia para cada um de meus filhos". Paul disse que 'uma das garotas' - Heather, artista, Mary, fotógrafa, ou Stella, designer - 'recentemente admitiu ter dado uma olhada nisso. Mas não tenho certeza se eles leram, são 20 mil palavras!'.

Ele insiste que nunca irá publicar o livro; mas fez o que precisava fazer. "Foi 'catártico'", diz ele entre aspas. "Eu nunca soube muito bem o significado dessa palavra, mas foi isso: ele se livrou disso". 

E aqui estamos, de volta ao Japão. Pergunto a Paul os planos de 2014. Barrie Marshall, o responsável em casar as datas dos shows com a rotina da custódia de Beatrice está na Coreia do Sul, em uma missão de estudo do local, enquanto novos lugares para a turnê estão em seus horizontes - ele menciona Cáucaso, nome dado a uma região da Europa Oriental e da Ásia Ocidental.

"Eu tenho algumas coisas para fazer. Eu fiz um livro, um projeto de animação - e foi aquela garota, Nancy Shevell", ele diz, com os olhos brilhando. "Ela estava agora: 'Oh!'", ele a imita, revirando os olhos. Shevell entrou na sala. "Sinceramente, eu não estava falando de você, baby!", diz ele brincando. 


"Acho que você estava sim", responde ela. "Olá, querido!", Nancy diz, inclinando-se para me cumprimentar. 

"Estou contando pra ele toda a história da minha vida", McCartney diz. 

"Bem, ela quase nunca é contada", diz ela ironicamente. 

Retomando o assunto, Paul explica que o 'projeto de animação' é uma adaptação cinematográfica do livro infantil 'High In The Clouds', o qual ele ajudou a escrever há oito anos. O filme será musical, então ele tem algumas músicas a escrever. "E então", ele completa, "verei o que Barrie tem a dizer.  E ele dirá: 'eu tenho uma oferta de tal e tal' e eu direi: 'Cazaquistão, aqui vamos nós?'. Poderia ser Cazaquistão", Paul diz, sorrindo, "nunca se sabe". 


Mais tarde naquela noite - depois de outro show espetacular com 3 horas de duração e depois (como dita a tradição) de todos aplaudirem a suada banda no ônibus, que os leva de volta ao hotel antes mesmo dos fãs terem tempo de levantarem-se de seus assentos - McCartney organiza uma festa privada regada de bebidas na cobertura do hotel que está hospedado. É uma festa de aniversário para Nancy, que faria 54 anos no dia seguinte. 

Em um certo momento da festa, Paul fala com todos os grupos espalhados pelo bar, pista de dança e pelo buffet vegetariano. À medida em que ele anda pelo salão entre as, aproximadamente, duas dúzias de pessoas, é possível notar que ele está preparando o lugar para alguma coisa. E então é Paul com sua alegria saltitante, em sua zona de conforto, rodeado de amigos próximos e da 'família Macca', à meia-noite, ele comanda o piano e canta uma versão animada de 'Parabéns a você'. 

Durante o resto da noite, o DJ da turnê, Chris Holmes, estava tocando músicas no máximo volume. Ele mudou a agitação para 'You Really Got a Hold On Me', na versão dos Kinks. As duas primeiras pessoas na (não existente) pista de dança foram Paul e Nancy. Holmes seguiu com 'Nowhere to Run', de Martha and The Vandellas. Feliz, o casal continuou dançando. Ninguém se juntou a eles. E eles pareceram não ligar.

Fonte: The Telegraph