Há, 51 anos, John e Paul escreviam o clássico 'She Loves You'. Confira a história da canção retirada do livro 'The Beatles - História por trás de todas as canções':
"Apesar de os Beatles já terem ocupado o posto de número 1 duas vezes em 1963, foi "She Loves You" que os levou ao "toppermost of the poppermost", como eles chamavam de brincadeira o topo das paradas. As vendas superaram tudo o que haviam feito antes, e o single se tornou o mais vendido da Inglaterra na década, entrou no Top 20 em agosto de 1963 e lá ficou até fevereiro de 1964 (nos EUA, ele só se tornou um Hit depois do sucesso de 'I Want To Hold Your Hand").
Os Beatles não só transformaram a música popular, eles também se tornaram um fenômeno do pós-guerra na Inglaterra. De uma hora para a outra fotos da banda estampavam todos os jornais do país, não publicações como Melody Maker, New Musical Express e Boyfriend. O single que acabou levando-os ao olho do furacão por acaso era "She Loves You".
A canção foi escrita por John e Paul em Newcastle, depois de tocarem no Majestic Ballroom em 26 de junho de 1963. Eles tinham tido um raro dia de folga antes de continuar a turnê, no dia 28, em Leeds, e Paul se lembra de ter tocado violão com John em um quarto do Turk's Hotel.
Os primeiros três singles tinham sido declarações de amor com a palavra "me" no título. Dessa vez, Paul sugeriu que mudassem o ponto de vista, transformando-os em observadores de outra relação e dirigindo-se ao homem. Em vez dos familiares "me" e "you", usaram "she" e "you". Paul se inspirou inicialmente no sucesso britânico da época "Forget Him", de Bobby Rydell, no qual o narrador diz a uma garota para esquecer o rapaz que não parece amá-la de verdade. À primeira vista, "She Loves You" é uma música sobre reconciliação. O compositor tenta juntar um casal separado repassando mensagens ("she told me what to say") e dando conselhos ("apologize to her").
No entanto, o crítico de rock americano Dave Marsh detectou nuances mais sombrias no texto. Em 'Heart Of The Rock and Roll', ele escreveu: "O que Lennon canta se resume a um alerta para seu amigo: 'É melhor você valorizar a amizade dessa mulher, porque, se não, eu farei'". A canção continua sendo ambígua porque cabe ao leitor interpretar o que é dito como um conselho a um amigo ou como uma ameaça a um rival.
O refrão "Yeah, yeah, yeah" se tornou o perfeito chavão de uma era otimista. Se as coisas tivessem acontecido como o pai de Paul queria, no entanto, tudo teria sido diferente. Ao ouvir a música pela primeira vez, enquanto John e Paul trabalhavam nela, durante uma rápida visita a Forthlin Road, ele sugeriu que mudassem para "yes, yes, yes", porque era mais correto. Este era o inglês da Rainha, mas não o do rock 'n' roll.
Os Beatles não foram o primeiro grupo a adotar o "yeah, yeah", frequentemente usado como acessório na skiffle music nos anos 1950, e também por Cliff Richard em "We Say Yeah" (1962) e Elvis Presley em "All Shook Up" (1957) e "Good Luck Charm" (1962).
O sexto acorde, que encerra a música, era incomum na música pop, apesar de a Glenn Miller Orchestra tê-lo usado com frequência em suas gravações na década de 1940. "George Martin riu quando tocamos a música pra ele pela primeira vez", conta Paul. "Ele achou que estávamos brincando. Mas não funcionava sem o acorde, então decidimos mantê-lo, e George acabou se convencendo."