domingo, 9 de fevereiro de 2014

John, Paul, George, Ringo e eu


Bem, isso é tudo o que eu lembro do dia em que conheci os Beatles.

Um motorista de Miami me perguntou: "Você está aqui pelos Beatles?". Eu achei que ele estava falando sobre um circo de pulgas. Meu avô, Ed Sullivan, era conhecido por apresentar números com animais. 

Meu irmão e eu seguimos meu pai pelo corredor do Deauville Beach Resort. Tinham várias janelas redondas com vista para a rua. 

Eu sabia que os Beatles não eram um circo de pulgas. Eu sabia que eles eram importantes (meu pai tinha me contado) e eu estava um pouco nervoso em conhecê-los. Afinal, eu tinha apenas 6 anos. Achava que estávamos indo em direção ao camarim quando meu pai abriu a porta.

Era a entrada para um grande salão. Técnicos estavam se preparando pra o show que meu pai, Robert Precht, produziria. Era uma semana depois que os Beatles haviam estreado no programa de meu avô. Esse show, marcado para o dia 16 de fevereiro, foi a segunda performance deles. Só o Paul estava usando um blazer. Os outros estavam usando roupas mais despojadas. 

Eu estava usando um tênis com cadarço, eles usavam sapatos sem cadarço.

Eu tinha cabelo curto, eles tinham cabelos tão longos que quase cobriam suas orelhas! 

Era hora da passagem de som. Meu pai sentou eu e meu irmão na plateia, algumas fileiras para trás. 

Os Beatles começaram a tocar 'I Want To Hold Your Hand'. Foi a coisa mais linda que eu já tinha ouvido. 

Têm outras coisas que posso mencionar:

Vê-los no Shea Stadium, no ano seguinte. "Os gritos eram muito altos!" eu contei para meus amigos enquanto assistíamos 'Agente da UNCLE'. "Não dava pra ouvir nada!". 

Saindo com alguma garotas, anos depois, elas perguntavam: "Você realmente conheceu os Beatles?", fazendo com que minha resposta fosse curta e doce. 

O grande momento da minha vida veio 40 anos depois daquela incrível ocasião: ter um filho, o qual o nomeamos em homenagem meu avô. 

Ele sabe sobre os Beatles porque eu contei para ele. Caso contrário, ele não poderia se importar menos. 

Hoje, sou um professor de escola pública que, da minha própria maneira, está carregando um legado da televisão que meu pai e avô ajudaram a criar. 

Talvez ter os Beatles em seu programa parecia ser a única coisa a se fazer, para meu avô. O país estava se recuperando depois que Oswald atirou em Kennedy. Nós precisávamos de algo para cantar. Precisávamos de esperança. 

Mas estar muito ansioso em meu assento no Deauville Beach Resort - isso é o que mais lembro. 

Vincent Precht. 

Fonte: The New York Times

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