terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Há 33 anos, um Beatle vinha ao Brasil pela primeira vez!



Pouca gente sabe, ou se lembra, mas George Harrison já esteve no Brasil. Em 31 janeiro de 1979 ele veio ao nosso país, não para se apresentar, infelizmente, mas para acompanhar o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, uma de suas paixões. Na ocasião, a revista Música conseguiu uma entrevista exclusiva com o ex-Beatle, e ainda um autógrafo em nome da revista, que é um tesouro. Além de exibir o autógrafo, a matéria traz fotos dele no autódromo. George era muito amigo do piloto Emerson Fitipaldi, para quem fez uma versão de 'Here Comes The Sun', após o amigo ter sofrido um acidente.


George Harrisom é um ex-Beatle, e por isso não encontra paz em lugar algum do mundo. Mesmo já tendo passado 10 anos da dissolução do 'quarteto de Liverpool', todos cobram dele posições com relação a uma possível nova formação do grupo, à política praticada pelo conjunto, ao relacionamento entre eles, etc. E, durante 10 anos, em todos os cantos deste planeta, onde vai passear, descansar, gravar, tem que responder às mesmas perguntas. Naturalmente no Brasil não seria diferente.
Vindo para ver a corrida de Fórmula 1, devidamente acompanhado por Jackie Stewart - um dos melhores pilotos da categoria - e Emerson Fittipaldi - de quem tornou-se amigo graças ao gosto pelo esporte - George foi alvo de ataques sistemáticos por parte da imprensa e de fãs, que não o deixaram à vontade.
Por Música ele começou a ser contatado em São Paulo e terminou no Rio de Janeiro, onde participou de entrevista coletiva.
Música - Por que você nunca se interessou em visitar a América do Sul antes, especialmente o Brasil?
George - Bem, nós estamos muito ligados à Europa e aos Estados Unidos, por contratos, shows, gravações, enfim, é um mundo que está muito mais ligado a nós, músicos. E, apesar de todo mundo pensar que temos muito tempo de folga, nós somos muito atados a compromissos. Mas devo reconhecer que é uma falha de nossa parte, temos muito a aprender por aqui.
Música - É difícil aguentar a barra de ser ex-Beatle? Todo mundo dá mais valor a seu trabalho naquele tempo, esquecendo o atual?
George- Realmente, depois de passado tanto tempo a gente chega até a duvidar de que os Beatles tenham tido tanta influência na juventude. Quando nos juntamos e fizemos os Beatles, nada disso passava pela nossa cabeça, sabíamos que tínhamos um tipo de música que poderia vir a fazer sucesso, mas nunca imaginávamos tudo isso. Inclusive, nunca fomos um grande conjunto, éramos um conjunto razoável, assim como os Stones. Tudo isto a gente tem que explicar em qualquer lugar onde esteja. Mas, na Europa e Estados Unidos, por estarmos mais frequentemente, eles já esqueceram um pouco este lado e passaram a observar nosso trabalho individualmente.
Música - Como você está hoje, depois de tanto tempo na luta?
George - Bem, já estou completando 36 anos (25 de fevereiro), mas não tenho intenção de alguma de parar. É claro que a gente vai diminuindo o ritmo, mas parar não. Já faz parte do cotidiano, inclusive não estou mais atrás de dinheiro, mas de satisfação pessoal. O dinheiro deixou totalmente de ser importante, aprendi isso com a filosofia hindu. Eu o uso para viajar, comprar, divertir, nunca como um fim. Sei que há muitos músicos que mudaram sua linha apenas para se tornarem mais comerciais e ganhar mais dinheiro. Até os Beatles fizeram isso por algum tempo, mas quando você atinge alguns bens materiais necessários, pra que mais?



Música - Como anda o relacionamento entre você, Paul, Ringo e John?
George - A gente não se vê periodicamente por falta de tempo. Quando um está livre, o outro não, quando um está na Europa, outro está fora. Mas não existe qualquer tipo de rivalidade, as que existiam foram superadas há muito tempo, o resto é por conta da imprensa. John acalmou-se e está curtindo a família, talvez tenha-se cansado de ser muleta para a fraqueza alheia. Ringo é um bon-vivant, gravando quando quer e badalando muito, sempre foi o mais alegre de nós, o que dava mais importância à alegria e ao descompromisso, e Paul é o mais trabalhador, o que mais gosta de promoção em torno de seu nome. Claro que hoje é o que mais faz sucesso, o que mais vende disco, mais por uma necessidade pessoal que propriamente por dinheiro.
Música - Qual seu real interesse por filosofia hindu?
George - Ela me ajudou muito a me conhecer por dentro. Não dou mais valor a roupas, carros, viagens, garotas, badalações, tudo isso porque acredito que seja uma maneira de cobrir a solidão da qual todos têm medo. Quando você se encontra, descobre o enorme potencial que há dentro de você, todo o resto passa a ser futilidade. Mas isto também vem com o tempo. Quando era jovem, também queria ser badalado. Foi a India que me modificou completamente."

Vejam fotos da revista, na época em que foi publicada:




Um comentário:

Breno Augusto disse...

Parabéns pela matéria,não sabia que existia essa revista!

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